Se for possível,
quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.
Romanos
12:18
Tenho visto um comportamento,
acentuado ultimamente, que me assusta pelo perigo embutido que carrega. Isso
vem acontecendo com muitas pessoas de bem, nas diversas camadas sociais e
também dentro da Igreja em várias denominações. É um comportamento conformista dirigido
pelo pensamento de que o verdadeiro cristão deve aceitar tudo em nome da paz e
em nome do amor ao próximo. Esse é o principal mandamento e, portanto, deve ser
observado seja a que preço for. Respeito a tudo e a todos porque assim manda a
cartilha da boa cidadania e do cristianismo moderno e sem preconceitos.
O perigo mora exatamente aí. O
custo-benefício desse comportamento será mesmo favorável ao cristão no final? Estou
falando de “eternidade” ... E não apenas a ele, cristão, mas ao seu próximo
também? Nem tudo o que traz aparência de bem ou de amor se mostra assim no fim
da estrada. O engano usa exatamente esta porta para entrar; a porta do bem
aparente, da liberdade sem limites disfarçada de “democracia”; da negligência
pela alma do outro disfarçada de respeito por sua opinião, etc... Há caminhos
que ao homem parecem direitos, mas ao final darão em caminhos de morte, diz o
verso 12 lá do capítulo 14 de Provérbios.
Até que ponto estamos
realmente cumprindo o mandamento de amar ao nosso próximo quando evitamos tocar
em certos assuntos que na opinião dele, ou da maioria, só dizem respeito a ele
mesmo? Será que foi isso mesmo que Jesus mandou fazer? Deixar o próximo viver a
vida como ele quiser por respeito às suas convicções mesmo quando estejam em
desacordo com o que o próprio Deus falou? Isso é mesmo amor ao próximo? Ou
apenas amor a nós mesmos e à nossa própria tranquilidade e segurança evitando
confrontos; talvez, ainda, um cuidado com a nossa própria imagem, afinal, muitas
vezes não “agradamos” quando precisamos contrariar a vontade alheia, pelo contrário,
seremos, com certeza perseguidos e rejeitados, taxados disto e daquilo. Porém, “Bem-aventurados
os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus,” diz Mateus 5:10
É claro que precisamos
respeitar a opinião do nosso próximo, caso ele não queira de modo algum ouvir e
ponderar sobre outra interpretação de textos e fatos, afinal, cada um tem uma
visão de mundo que depende de muitos fatores e experiências que não poderiam
ser abordados aqui por completo. Cada indivíduo interpreta fatos e conceitos de
acordo com a bagagem recebida na vida, e age a partir dessa interpretação, mas
suas atitudes influenciam o meio em que vivemos e, portanto, ninguém é, nem de
longe, isento de responsabilidade com o que gera à sua volta devido ao seu
comportamento; ninguém se livrará de responder por sua omissão e também pela
intromissão quando sem limites. É preciso equilíbrio mesmo, em tudo, mas não
podemos esquecer do perigo de deixarmos nossa mente se habituar aos conceitos
deturpados que andam infestando cabeças por aí.
Paulo, considerado o maior dos
apóstolos apesar de ter sido, de início, um dos maiores perseguidores do
pensamento cristão, alertou em Romanos 12:2 – “Não se amoldem ao padrão deste
mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes
de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” A
nossa mente precisa ser renovada de acordo com a perfeita vontade de Deus e não
conforme os padrões deste mundo, os quais podemos muito bem perceber que se
tornam a cada dia mais pervertidos, fato este anunciado na Bíblia também,
portanto, nem poderemos alegar que não sabíamos que isso aconteceria.
Se todos pudessem viver sem se preocupar com o que acontecerá com os outros,
sem temer o resultado ― a curto, médio ou longo prazo ― das
atitudes de cada um, seria uma tranquilidade. Seria muito mais fácil, para
todos, se as coisas funcionassem exatamente assim na vida e dessem certo também
na pós-vida. Mas a Bíblia, que norteia as atitudes cristãs, não mostra as
coisas exatamente assim. Em Tiago 4:17 está escrito: “Aquele que sabe que deve
fazer o bem e não o faz, nisso está pecando.” Somos responsáveis uns pelos
outros não apenas nas obras sociais, lutando pelo bem-estar terreno das pessoas
à nossa volta, mas principalmente pelo destino do espírito delas que será
eterno, um destino que passa infinitamente além dos 80, no máximo 100 anos de
vida que teremos por aqui.
Para isso, devemos, claro,
respeitar as convicções alheias, isto é até óbvio, mas não podemos fugir da obrigação
de manifestar o que pensamos e por que pensamos sobre determinados
comportamentos. O que manda a Bíblia é isso: “Antes, exortai-vos uns aos
outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós
se endureça pelo engano do pecado; Hebreus 3:13; E ainda, em Ezequiel 33:8: “Quando
eu (Deus) disser a um ímpio que ele vai morrer, e você não o advertir nem lhe
falar para dissuadi-lo dos seus maus caminhos para salvar a vida dele, aquele
ímpio morrerá por sua iniquidade; mas para mim você será responsável pela morte
dele.”
Não devemos mascarar a fé no
que cremos ser a verdade, se é que cremos mesmo, apenas por medo de ofender a
crença do outro. Ele tem direito de manifestar suas crenças tanto quanto nós
temos, isso é indiscutível! Porém, não antes de cada um expor seus motivos e
provar suas convicções para exaurir as dúvidas dos dois lados. Quando já se tem
certeza, a discussão é desnecessária. SE
nós “realmente” cremos em algo, aquilo é verdadeiro para nós e a nossa
obrigação é trazer a verdade à luz; "Vocês são a luz do mundo. Não se pode
esconder uma cidade construída sobre um monte...ninguém acende uma candeia e a
coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e
assim ilumina a todos os que estão na casa. (Mateus 5:14-15); O que diz a verdade manifesta a justiça,
mas a falsa testemunha diz engano. Provérbios 12:17
Se para ele, nosso próximo, o que cremos não tiver o mesmo significado de
verdade que ele busca, a nossa parte terá sido cumprida; pelo menos, teremos
cumprido nossa parte revelando o que para nós é verdade por entendermos
que o próximo seria beneficiado por ela tanto quanto nós. Isso é amor e cuidado
pelo próximo... Precisamos, sim, firmar e confirmar o nosso amor ao próximo quando
ele está errado, isto é realmente essencial, já que somos todos feitos da
mesma matéria; podemos estar bem hoje e cair amanhã, quando também precisaremos
de amor, cuidado e firmeza de terceiros, não somos perfeitos, basta lembrar do
que está escrito em I Coríntios 10:12: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, veja
que não caia”. Porém, devemos sim, evitar qualquer coisa que se pareça com
simpatia pelo pecado e cuidar de nós mesmos tanto quanto do nosso próximo. O
amor verdadeiro muitas vezes exige que sejamos firmes e até combativos em favor
da restauração do outro.
Se, porém, não cremos verdadeiramente
naquilo que afirmamos, se não acreditamos do fundo do coração, é melhor
calarmos a boca mesmo. Mas se cremos, seremos no mínimo “negligentes, egoístas
e desobedientes à Palavra” se nos omitirmos, quer seja por respeito, por
educação ou medo de ofender. Estaremos menosprezando o próximo ao pensar que só
nós temos direito à verdade e aos benefícios que sabemos que ela nos trará.
Afinal de contas, são verdadeiros os princípios em que cremos ou não? Acreditamos
que eles nos trarão vida e todos os benefícios inseridos nesses princípios ou
não podemos afirmar isso com certeza? Se alguém não tem certeza do que crê,
então que fique na sua mesmo, mas não atrapalhe o verdadeiro cristão, aquele
que crê na Palavra de Deus, de cumprir o seu papel.
A democracia é um “bem” real
que vem sendo deturpado ultimamente. E por que vem sendo deturpado? Justamente
para que seja aberta essa porta chamada liberdade sem limites por onde entra o
engano de que todos têm o direito de buscar a felicidade seja onde for, a que
preço for e NINGUÉM tem nada com isso. MENTIRA DO INFERNO ESSA! Criada para gerar passividade na Igreja atuante! Se eu conheço
uma verdade e deixo de anunciar por “respeito” ao direito que o outro tem de
errar, eu estou fazendo qualquer coisa, menos demonstrar amor ou cuidado pelo
próximo.
Que amor é esse que conhece o
despenhadeiro no final do caminho e “deixa” que o outro siga adiante, sem
freios, em nome da democracia, em nome de um respeito “fora de hora” pelo
direito do outro de escolher andar por ali porque esse caminho o faz mais feliz?
Deixaríamos alguém se matar só porque ele está convencido de que isso é bom
para ele? Nunca! Deixaríamos uma criança brincar com uma faca bem afiada só
porque ela quer e acha que consegue brincar com aquilo sem se machucar? Claro
que não!
Então, como deixar que
crianças fiquem à mercê de um perigo tão grande como uma escolha que vai
influenciar sua vida toda quando ainda não há maturidade suficiente para tanto
e sua mente pode ser usada como terreno para desvios de toda espécie? Refiro-me,
aqui, à ideologia de gênero e ao suposto incentivo à cultura e liberdade de
expressão que temos visto ultimamente e que percebemos ser um veneno para
sociedade e pedra de tropeço para pessoas mais fracas emocionalmente. E nem é
preciso ser sociólogo ou psicólogo para sentir cheiro de caos em tudo isso!
Quer elevar ou destruir uma
sociedade, comece com as crianças. “Ensina à criança no caminho em que deve
andar e ainda quando for velha não se desviará dele” – ou, na NVI – “Instrua a
criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos
anos não se desviará deles.” Provérbios 22.6... esse é o versículo mais batido em
qualquer Igreja que se preocupa com o futuro das suas crianças. Jesus foi tão
claro e contundente quanto a isso quando disse: "Quem recebe uma destas
crianças em meu nome, está me recebendo. Mas se alguém fizer tropeçar um
destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de
moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar. Ai do mundo, por causa
das coisas que fazem tropeçar! É inevitável que tais coisas aconteçam,
mas ai daquele por meio de quem elas acontecem!” Mateus 18:5-7...
Deus me livre de estar entre estes!
Se nós lutamos tanto para
preservar a vida física (que sabemos ser passageira) como não lutaríamos para
preservar a vida do espírito dos seres humanos que é eterno? Não nos
preocuparíamos com nossos conhecidos, amigos, filhos, parentes, se percebermos uma
noção enganosa rodeando a alma deles? Isso pode ser tudo, menos amor ao
próximo! Isso tem cheiro de egoísmo ― se eu estou bem, os outros que façam da
vida o que quiserem ― tem cheiro de desprezo pelo destino alheio, de preguiça de
arregaçar as mangas para lutar por alguém, cheiro de menosprezo pelo destino da
alma do outro, cheiro de medo de alertar para não se meter em confusão, não
queimar a própria imagem, cheiro de comodismo, tudo isso, menos amor ao
próximo.
Vejo isso como uma armadilha
que o príncipe das trevas plantou no caminho dos filhos da luz para apanhar até
os escolhidos; e está funcionando, porque vemos muitos cristãos por aí
acariciando a cabeça do pecado ― e convenhamos, pecado bem cabeludo ― junto
com a cabeça do pecador achando que estão simplesmente “amando e respeitando” o
seu próximo. Estão evitando “julgar” já que não lhes cabe esse direito, mas
também estão evitando alertar para desarraigar o mal, tornando-se passivos
diante do pecado. Esquecem -se que devemos “examinar” tudo e reter o que é bom; não se trata de “julgar” o pecador, mas de evitar o pecado exatamente como
orienta a Palavra de Deus: “... ponham
à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom. Afastem-se de toda forma
de mal. I Tessalonicenses 5:21-22 . E, muito importante também: “Saiba que aquele que fizer
converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e
cobrirá uma multidão de pecados.” Escrito em Tiago 5.20.
Quem ama cuida, nem que, para
isso, seja necessário pesar a mão ou o verbo. Jesus não desprezou nenhum
pecador, sentava-se à mesa com eles, mas com um propósito bem definido, o de
“alertar” e orientar. E mandou que fizéssemos o mesmo. Detalhe: quando foi
preciso ele usou até um chicote e, em outras ocasiões, foi bem duro nas
palavras, porque sabia que o Seu Reino e os seus valores estavam sendo deturpados.
Repetindo: Seus valores eram eternos e não prazeres passageiros; em nome disso
Ele venceu até as próprias necessidades físicas “normais” do corpo humano que
Ele usou enquanto esteve aqui conosco, mas nunca negligenciou os valores de
Deus, pelo contrário, entregou seu próprio corpo como sacrifício para que
pudéssemos ser reintegrados à santidade de Deus. Hoje, o que se vê é muita
gente “sacrificando” o espírito, que é eterno, em favor do corpo físico que
dura no máximo cem, cento e tantos anos quando muito abençoado com saúde, e
sendo incentivados e até aplaudidos por alguns que se consideram cristãos.
“LEAIS SÃO AS
FERIDAS FEITAS PELO AMIGO, MAS OS BEIJOS DO INIMIGO SÃO ENGANOSOS” - PROVÉRBIOS
27:6
O
QUE JUSTIFICA O ÍMPIO, E O QUE CONDENA O JUSTO, TANTO UM COMO O OUTRO SÃO
ABOMINÁVEIS AO SENHOR. Provérbios 17:15