A Palavra

Eugene H. Peterson, professor emérito do Regent College, em Vancouver – Canadá, diz o seguinte: Esse livro (a Bíblia) nos torna participantes no mundo da existência e da ação de Deus; nós não participamos dele em nossos próprios termos. Não elaboramos a trama nem decidimos qual será o nosso personagem. Esse livro tem poder gerador: coisas acontecem conosco quando permitimos que o texto nos inspire, nos estimule, repreenda, apare as arestas. Ao chegar ao fim desse processo, não somos mais a mesma pessoa.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A DIFICULDADE DE CRER


Eu lhes falei de coisas terrenas e vocês não creram; como crerão se lhes falar de coisas celestiais?

Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que veio do céu: o Filho do homem.
João 3:12,13

Essas palavras acima são de Jesus conversando com Nicodemus, um fariseu que foi procurá-Lo na calada da noite porque queria entender o que Jesus dizia em suas mensagens. Nicodemus parecia querer se aprofundar nos ensinamentos de Jesus, mas, ele acaba tendo que reconhecer que, mesmo sendo uma autoridade na Lei dos judeus, ele precisava de algo mais para compreender e aceitar o que Jesus viera entregar à humanidade. Jesus diz a ele no versículo três desse texto que ninguém poderia “ver” o Reino de Deus se não nascesse de novo. Aí começa toda a confusão na cabeça de Nicodemus:

─ Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer! Responde Nicodemus intrigado.

Jesus lhe explica que não se trata de um nascimento físico, mas sim de um nascimento no Espírito, e, mesmo assim, Nicodemus ainda se espanta e pergunta: “Como pode ser isso? ” E Jesus responde: “Você é mestre em Israel e não entende essas coisas? ”

Em seguida, Jesus mostra a ele a dificuldade que eles, mestres da lei, tinham em aceitar as palavras d’Ele e dos Seus discípulos sobre as coisas celestiais; justamente por estarem “amarrados” a coisas terrenas e históricas que vinham repetindo de geração em geração desde o tempo da travessia deles no deserto, quando receberam a Lei através de Moisés. Justamente por isso é que eles precisavam de um novo nascimento, uma “entrada real” no Reino espiritual, com revelações celestiais e não apenas com a simbologia terrena inserida na Lei que simplesmente prefigurava a realidade celestial que Jesus viera cumprir aqui no mundo.

Naquela época sabe-se, pela história judaica, que havia uma crença entre eles de que Moisés tinha “subido aos céus” para de lá trazer a tábua da Lei, porém, não era essa a realidade. Moisés havia subido ao Monte Sinai para encontrar-se com Deus e receber d’Ele a Lei para a conduta do povo. Por isso Jesus tenta abrir os olhos dos fariseus mostrando a Nicodemus que o ensino que Ele trazia da parte de Deus era superior, pois, como Ele diz no verso 13, “ninguém” havia subido aos céus senão Ele mesmo (Jesus) que de lá havia descido justamente com a incumbência de trazer a revelação das realidades espirituais que a Lei simbolizava e também de cumprir esta Lei, instituindo assim uma Nova aliança, não apenas com os judeus, mas com toda a humanidade.

E Jesus mostra mais revelações celestiais a Nicodemus, mas o texto não nos conta a reação de Nicodemus diante das explicações de Jesus. Podemos pensar que ele entendeu as explicações e aceitou a mensagem de Jesus pois, mais adiante, no capítulo 19 desse mesmo livro, depois da crucificação de Jesus, Nicodemus acompanha José de Arimateia para pedir a Pilatos o corpo de Jesus para sepultá-Lo. O texto mostra ainda que Nicodemus levou consigo cerca de trinta e quatro quilos (no grego, 100 litras) de uma mistura de mirra e aloés; especiarias para o preparo do corpo segundo os costumes judaicos.

Ao que parece, Nicodemus conseguiu aceitar as coisas superiores que Jesus havia lhe explicado naquela conversa anterior na calada da noite. Ele teve o entendimento de que Jesus testificava das coisas que conhecia nos céus, lugar de onde Ele viera, enviado pelo Pai para revelar as palavras que Deus queria nos entregar. Não sei se Nicodemus também ouviu as palavras de João Batista a respeito de Jesus nos versículos 31-36 do capítulo 3 de João, mas sua atitude depois da morte de Jesus pode indicar que ele reconheceu essa autoridade declarada por João Batista no texto que segue:

“Aquele que vem do alto está acima de todos; aquele que é da terra pertence à terra e fala como quem é da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos.

Ele testifica o que tem visto e ouvido, mas ninguém aceita o seu testemunho.

Aquele que o aceita confirma que Deus é verdadeiro.

Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque ele dá o Espírito sem limitações.

O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos.

Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele". João 3:31-36

Penso que a ira de Deus não permaneceu sobre Nicodemus, assim como eu espero que não permaneça sobre você que está lendo essa mensagem agora. Se você tem dificuldade de crer, como eu sempre digo, peça ajuda ao próprio Deus, nem que seja na calada da noite, como Nicodemus...

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