A Palavra

Eugene H. Peterson, professor emérito do Regent College, em Vancouver – Canadá, diz o seguinte: Esse livro (a Bíblia) nos torna participantes no mundo da existência e da ação de Deus; nós não participamos dele em nossos próprios termos. Não elaboramos a trama nem decidimos qual será o nosso personagem. Esse livro tem poder gerador: coisas acontecem conosco quando permitimos que o texto nos inspire, nos estimule, repreenda, apare as arestas. Ao chegar ao fim desse processo, não somos mais a mesma pessoa.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Está Sofrendo?

Está sofrendo?

A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça.” Isaías 42. 3

Sempre que eu lia esse versículo na Bíblia eu ficava pensando no real significado dele e não entendia muito bem. O texto é uma referência a Jesus como o eleito de Deus para trazer redenção e justiça; a verdadeira justiça, aos seres humanos. Até aí tudo bem, mas o que Deus quis dizer quando declarou que Ele não quebraria a cana trilhada e nem apagaria o pavio fumegante?  


É claro que com o passar do tempo ouvi várias interpretações e explicações sobre isso e passei a entender o sentido do texto, mas nenhuma dessas explicações achei tão clara como a que eu ouvi em uma pregação do Pr. Luciano Subirá.  Ele conta que quando esteve como Pastor de uma Igreja no interior do Paraná, ele viu-se em uma realidade ambiental e cultural muito diferente da que sempre conhecera morando em Campinas. Um dos membros da sua Igreja no interior do Paraná, que era fazendeiro e plantava trigo, ofereceu-se, então, para levá-lo a um passeio pela sua fazenda onde ele lhe mostraria como era o dia a dia de um grande agricultor.

Enquanto entravam de caminhonete pela imensidão do campo de trigo, o Pastor se preocupava com o trilho que era deixado atrás deles pelos pneus do carro que praticamente esmagavam as plantas. Ele pergunta, então, ao fazendeiro, se ele não estava estragando aquela parte da plantação e ele lhe garante que não. Embora o pastor duvidasse, o fazendeiro provou que isso não acontecia. Descendo da caminhonete, ele lhe mostra uma parte da plantação por onde ele já havia passado dias antes e que tinha ficado completamente “deitada” no campo, mas naquele momento estava quase que totalmente em pé novamente. O fazendeiro pegou um pedaço de caule de uma das plantas que estava trilhada e lhe mostrou que apenas quando o caule se partia completamente não seria mais possível que ela se regenerasse, e não era o que acontecia ali, mesmo com todo o peso da caminhonete que as deixava deitadas no campo, como se estivessem esmagadas. Contudo, elas não tinham sido “quebradas” totalmente em seu caule.

A cana trilhada, a que se refere a Bíblia, é esta parte do caule do trigo, que embora seja muitas vezes esmagada, se não foi quebrada tem a capacidade de se regenerar e levantar-se novamente sem ter sua produção prejudicada. Não é à toa que os filhos de Deus são comparados ao trigo na Bíblia e os filhos do maligno são comparados ao joio, que é muito parecido com o trigo, mas não passa de erva daninha. O joio é em tudo muito parecido com o trigo, mas a sua diferença se manifesta apenas com o passar do tempo, quando se percebe que as espigas do joio são mais alongadas e possuem apenas uma gluma (espécie de membrana externa basal que rodeia as espiguetas) e as do trigo possuem duas glumas. Outra diferença se dá na coloração do trigo que na sua maturação se torna acastanhado enquanto o joio se torna preto. Aqui se compreende também porque o dono do campo na parábola do joio e do trigo em Mateus 13 não permitiu que os servos separassem o joio do trigo a não ser no tempo da colheita, depois da maturação.       

Voltando à questão da cana trilhada, muitas vezes somos “trilhados” por Deus, por motivos que só Ele mesmo conhece; assim como aconteceu com Jó, não será nunca para a nossa destruição, mas sim para nossa confirmação e maturação. Como o trigo, podemos chegar a nos prostrar, mas pelo cuidado do Senhor em não quebrar nosso caule, temos a capacidade de nos levantar novamente e continuar no processo de maturação até que estejamos prontos para a colheita e a nossa diferença com o joio possa ser facilmente distinguida.
O texto do início nos mostra que Jesus veio para aplicar a justiça, verdadeiramente, para cumprir Sua missão de nos resgatar do erro, mesmo que para isso, às vezes, seja necessário nos deixar como a “cana trilhada”. Contudo, Ele não veio para “quebrar” o que já está caído, nem para terminar de apagar o “pavio que fumega”, pois se um pavio já está fumegando é porque seu fogo já está se extinguindo. Pelo contrário, Ele veio para nos restaurar, para levantar os caídos e reacender a chama da esperança e da fé, assim como nos acender com Seu Espírito para que possamos “ser luz” que ilumina o caminho por onde andamos e por onde outros caminham juntamente conosco. Pense nisso e não desanime quando se sentir prostrado pelas circunstâncias da vida. Deus está ao seu lado e Ele mesmo vai te reerguer.

Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus".
 Mateus 5.16.




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